sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ficaram lindassss....



Pequenos grandes


Um pensamento puxa o outro e uma cadeia de elos se estabelece, encadeando a vida numa ciranda. Veio a minha lembrança, guinada pela memória, a frase preciosa de um poema do Affonso Romano de Sant’Anna: “Às vezes, pequenos terremotos ocorrem do lado esquerdo do meu peito”.

E cheguei a sorrir ao recordar tantos e quantos tremores acontecem também do lado esquerdo do meu peito. Verdadeiros cataclismos e abalroamentos. Intensos tremores q tiram o fôlego, a fé, a coragem, a força. Esmagamentos provocados por dores, medos, sustos e perdas.

Na verdade, poucos escapam de um terremoto emocional. Uma acomodação de sentimentos, um abalo interno. Impossível medi-los, pois não há uma escala específica para esse fim tal qual existe para os abalos sísmicos. Às vezes, nada é perceptível na superfície. O que estremece o peito fica por debaixo da pele, da carne. Ninguém nota os solavancos que sacodem as nossas “cordoalhas tendinosas” (fibras miocárdicas).

E a gente vai reconstruindo paredes, reerguendo muros, reconstruindo jardins, tentando arrumar a casa. E consegue, até quando for possível e quanto for cabível, revestir o coração com uma folha de celofane colorido para encobrir as marcas e para disfarçar os pedaços que foram arrancados.

Pequenos grandes terremotos no lado esquerdo do peito são acomodações, ajustes inevitáveis e dolorosos. Principalmente, quando soterram afetos e amores, sonhos e ideais.

Gostaria de ser imune a todo e qualquer tipo de terremoto. Pequenos grandes ou de porte médio....