quarta-feira, 13 de maio de 2009

TPM....

Estou me sentindo exatamente assim....rsrrsrsr....

Acordei inchada e irritada, um sapo-boi com instintos assassinos, em plena TPM. Pulei até a garagem, saltei dentro do carro e mergulhei no trânsito em busca de encrenca. A primeira vítima foi um motorista que buzinou quando eu tentava pegar o celular que havia caído no vão inacessível entre o banco e o console do carro. Enquanto eu tentava pegar o maldito telefone, o semáforo abriu e o homem do carro atrás de mim começou a buzinar sem parar. Desliguei o motor, desci do carro, tranquei a porta e fui até a janela do motorista. Bati no vidro, verde de raiva: - O senhor tem idéia de que dia é hoje na minha vida, pra ficar buzinando deste jeito? Por acaso o senhor sabe se morreu alguém na minha família hoje cedo? O homem, assustado, abriu metade da janela de vidro e tentou se explicar: - Desculpe, meus sentimentos, eu não sabia que... - Não, não morreu ninguém, pra sua sorte. Mas e se tivesse? Por acaso o senhor sabe da vida da pessoa que está no carro da frente pra ficar buzinando assim? Sabe se tem alguém que perdeu a mãe, alguém que perdeu o emprego, alguém que perdeu o marido? Eu, por exemplo, perdi o meu celular e estou prestes a perder minha cabeça! E assim, com todos os carros buzinando na minha orelha, abri a porta, liguei o motor e saí. Menos de duzentos metros depois um motorista mandou a clássica “volta pro tanque, dona Maria!” Dona Maria? Tanque? De forma alguma. Puxei o freio de mão, desliguei o carro, desci, tranquei a porta e fui até o autor do absurdo. Bati no vidro. - Quem foi que disse que o meu nome é Maria? Quem foi que disse que eu lavo a roupa no tanque? E se meu nome for Suely e eu tiver máquina de lavar? E se eu for a Lindalva e mandar toda minha roupa pra tinturaria? O homem olhou espantado e começou a manobrar o carro pra tirá-lo de trás do meu. Eu não conseguia parar de levantar hipóteses. - E se minha mãe tiver me batizado de Ismênia e tiver uma empregada que lava no tanque pra mim? A última eu gritei bem alto: - E se o meu nome for Tanque e eu lavar minhas roupas na Maria??? Voltei pro carro, decidida a me controlar. É perigoso sair do carro no meio do trânsito e tirar satisfações com as pessoas, especialmente aquelas que já são agressivas. Parei no semáforo e comecei a respirar fundo. Sem querer, avancei a faixa de pedestres. Um rapaz que passava teve que desviar do meu carro, olhou bem pra mim e disse: - Só podia ser mulher. Foi a gota d’água. Mudei de idéia quanto a ficar quieta. Desci do carro, sem trancar a porta e voei pra cima do garoto. - Escuta aqui, rapaz, eu sou mulher mesmo! E estou de TPM! E com vontade de esganar alguém! E você me parece um ótimo candidato! Foi quando um guarda de trânsito bateu no meu ombro e mandou que eu voltasse imediatamente para dentro do meu veículo. - Ah, seu guarda, desculpe, é que eu estou muito nervosa, sabe... Olha, meu nome é Maria, muito prazer. Então, eu estava lavando roupa no tanque e aí eu ouvi um barulho e vi que minha avó tinha caído no chão... mortinha da silva, coitada... aí eu peguei o carro pra avisar minha irmã... e... bem... sabe como é mulher... a gente fica meio irritada nesse período...TPM, já ouviu falar? Antes que eu pudesse terminar meu raciocínio, o guarda me entregou uma multa gravíssima. E ainda disse que só não ia me levar pra delegacia porque o rapaz que eu quase agredi não queria prestar queixa. Peguei a multa, entrei no carro, botei o cinto, liguei o motor e esperei o semáforo abrir pensando que boa parte dos problemas do trânsito poderia ser resolvida se nenhuma motorista tivesse TPM. O semáforo abriu e quando fui acelerar pisei em cima do celular. Tem dias que a gente realmente acorda querendo ver sangue.