quarta-feira, 19 de novembro de 2008


Como nossas palavras podem amaldiçoar e destruir ou abençoar e restaurar. As conseqüências desta escolhas:

“No fim da tua vida gemerás, quando se consumirem a tua carne e o teu corpo” (Provérbios 5.11).

Toda pessoa fofoqueira é frustrada e complexada. Ela consegue ver até o que não existe e o que ninguém vê. Na maioria dos casos, são pessoas que não venceram na infância, na adolescência, na juventude, e que hoje, já adultas, enfrentam uma série de problemas e tentam transferir o seu problema para os outros. Sendo assim, não aceitam com alegria a vitória dos outros.
O perfil fofoqueiro é acompanhado de muita inveja. O que é vitória para outros, é tortura para ele. Por inveja do sucesso de parentes, vizinhos e amigos, faz qualquer negócio para ver o fracasso ou a derrota do vitorioso e vencedor. Para tal, utiliza-se de qualquer meio de comunicação: a audição do mais próximo, a internet (se tiver acesso), o celular, o papel e o telefone fixo. E se tiver extensão telefônica, usa-a para poder ouvir e bisbilhotar; isso prova o que seu caráter na verdade é.
E com tudo isso, termina contaminando outros, causando prejuízo espiritual, físico e financeiro; abalando os fatores psicológicos e emocionais de quem se torna sua vítima. É como um terremoto de 7 a 9 graus, que deixa para trás só escombros e péssimas recordações para quem sobrevive. Mesmo assim, as marcas e cicatrizes ficam para sempre. O fofoqueiro está sempre carregado de inveja e causa transtornos irreparáveis ao outro e ainda encontra dificuldades para entender seus próprios problemas.
Em seminários e conferências, sempre tenho alertado para o seguinte: antes de você emprestar seus abençoados tímpanos a um fofoqueiro carregado de inveja, pense bem e analise, com muito cuidado, o que vai ouvir e nunca julgue ninguém pelo que ouviu sem saber se o que você ouviu de fato tem um fundamento. Você deve procurar ouvir também o outro lado. E só assim, tendo a certeza e com provas, poderá chegar a uma conclusão. Mesmo assim, não podemos nos precipitar. A maioria absoluta de fofoqueiros e invejosos vive de aparências. Fala a respeito dos outros; mas seu próprio perfil é mantido sempre às escondidas. Nunca se esqueça do que vou alertá-lo: Todo malfeitor acredita que, porque ele faz, todos fazem o mesmo; e passa a julgar os outros pelo próprio comportamento e modo de ser e viver.
Todo fofoqueiro e invejoso gosta de bisbilhotar a vida alheia; e tirar proveito do que conseguiu “colher” da pessoa que nele confiou, e contou-lhe alguma coisa. São semelhantes à “astuta serpente” que aguarda com tudo pronto para, quando se sentir ameaçada, dar o chamado bote certeiro.
Os fofoqueiros também são chantagistas, pois têm a presa em suas mãos. Ou seja, com astúcia, fazem com que a pessoa indefesa abra a boca em total confiança. E esta, pensando que será ajudada, por ter encontrado a pessoa certa, então reparte alguns dos seus problemas, esperando alívio e conforto, não percebendo que, ao confiar, ligou o dispositivo de uma bomba.
Outra coisa interessante a observar é que todo fofoqueiro e invejoso aprende a mentir com grande periculosidade. Aliás, falando dos mentirosos, João, capítulo 8, versículo 44, diz:

“Vós pertenceis ao vosso pai, o diabo, e quereis executar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, pois não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira”.

Sempre afirmo que o mentiroso é genro ou nora do diabo. Quando não tem o que fofocar, criar e inventa mentiras que sempre causam danos.
Há outro fator perigoso que chamo de zona de perigo: o fofoqueiro mente e espalha. E espalhar é fácil, mas ajuntar o que espalhou é difícil, e os danos com freqüência não são totalmente reparados. Mesmo que corra atrás para se justificar, sempre fica uma outra pendência, impossível de ser corrigida. E ainda deixa na mente de quem ouviu uma dúvida.
O fofoqueiro causa muitas discórdias entre o povo, pois lança um contra o outro. E isso é o mesmo que o diabo faz.
O fofoqueiro não suporta ficar calado e sempre diz: “Quando vejo, já falei!” E a Palavra do Senhor nos ensina que quem muito abre a boca tem perturbação na alma. Pouco adiantam as tentativas de corrigir os danos da fofoca, dizendo que foi só impulso do momento, pois aí resta apenas escombros, nada mais. Toda fofoca, ou mexerico, é de procedência maligna.

A Palavra do Senhor nos ensina que:
“A tua língua (se não estiver na bênção) urde planos de destruição; é qual navalha afiada, ó praticadora de enganos!” (Salmos 52.2).

“Tanto a morte quanto a vida estão no poder da língua; e o que bem a utiliza come do seu fruto” (Pv 18.21).

Cuidado com sua velhice. Isso é, se chegar lá. Pois é quando você vai desfrutar do que armazenou, e também desfrutar da tão sonhada aposentadoria. Cuidado com seus investimentos. Há muitos que dizem temer a morte, chegando até mesmo a mudar de conversa quando se toca nesse assunto. A maioria desconhece que leva tanto a vida quanto a morte em sua língua. Ou seja, de uma mesma fonte não podem jorrar dois sabores de água, doce e amargo (Tiago 3.11). Mas, infelizmente, há pessoas que conseguem fazer esse malabarismo.

“Do fruto da boca do homem se farta o seu ventre; da colheita dos seus lábios ele se satisfaz” (Pv 18:20).

A maioria dos fofoqueiros diz ter se esquecido do que falou; mas, às vezes, é forçada a se lembrar quando alguém fala contradizendo suas mentiras. Porém o Senhor não se esquece do que o mexeriqueiro falou.

“Mas não consideram no seu coração que eu me lembro de toda a sua maldade. Agora os cercam as suas obras; diante de minha face estão. Com a sua malícia alegram o rei, e com as suas mentiras aos príncipes” (Os 7.2,3).

Algumas pessoas reclamam de gosto amargo na boca, e tomam vários tipos de medicamentos, mas sem solução. Eu lhe pergunto: “Não será a colheita (do que você semeou) retornando à boca?” Porque o que você planta, sem dúvida, irá colher, pois “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6.7).

O complemento desta mensagem está no livro de Gálatas, capítulo seis, versículo oito: “O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção”. O cuidado no semear e na escolha da semente é muito importante, especialmente se a erva for daninha; e é a única semente utilizada pelo fofoqueiro porque a colheita sempre vem em abundância, e supera a quantia esperada.

“O que semeia a perversidade sega males, e a vara da sua indignação falhará.” (Pv 22.8)
Jó fez um relato importantíssimo no seu livro profético, dizendo:
“Segundo tenho visto, os que lavram a iniqüidade e semeiam o mal, isso segam” (Jó 4.8).
O profeta Oséias, cheio do Espírito do Senhor, fala sobre a conseqüência da mentira:
“Lavrastes a impiedade, segastes a perversidade, e comestes o fruto da mentira, porque confiastes no vosso caminho, na multidão dos vossos valentes. Portanto, entre o teu povo se levantará um grande tumulto, e todas as tuas fortalezas serão destruídas” (Os 10.13,14).

Salomão afirma:
“Há alguns cujas palavras são como pontas de espada, mas a língua dos sábios é saúde” (Pv 12.18).

Seu corpo depende de sua língua, para viver bem, ou para viver mal; com saúde ou enfermo.
No episódio que estamos estudando, a língua de Doegue causou a morte de 85 sacerdotes e de todos os seus familiares. A Bíblia afirma também em outros versículos que a língua dos maldizentes destrói, prejudica e atrapalha, não só aos outros, mas a si mesmos.

“O perverso de coração não prospera; o que tem língua enganosa virá a cair no mal” (Pv 17.20).

O fofoqueiro é cínico e após ter inventado ou espalhado a mentira, age como se nada tivesse acontecido. A língua de Doegue causou grande prejuízo no meio do povo de Deus. Davi tinha ido à região de Nobe. Ao chegar lá, perguntou ao sacerdote Aimeleque se havia alguma coisa para dar aos soldados para comer. Estava preso ali um dos servos de Saul.
“Achava-se ali, naquele dia, um dos servos de Saul, detido perante o Senhor, cujo nome era Doegue, edomita, o maioral dos pastores de Saul” (I Samuel 21.7).
A situação espiritual do rei Saul, estava tão mal que pelo maioral de um dos seus pastores, é possível você mesmo analisar que tipo de líder era ele.
Acompanhe com o episódio de Doegue o que eu chamo de um “crente” língua solta. Ele utiliza todos os meios de comunicação para tentar atrapalhar o reino de Deus e quem vai bem. O que ele esquece é que está prejudicando os outros. Mas ele também está sendo prejudicado, pois as enfermidades são freqüentes no corpo físico do fofoqueiro. Este definha tanto física quanto psicologicamente e também definha sua vida espiritual, passando a viver de experiências do passado. Tal pessoa acredita que está acima de todos; esquecendo-se de que trabalha cooperando com o diabo. Doegue, o servo do rei, causou um grande transtorno quando respondeu que também estava em Nobe, e acrescentou:

“Vi o filho de Jessé chegar a Nobe, a Aimeleque” (I Sm 22.9).
Após sair da prisão, Doegue descarregou o seu veneno. Como geralmente acontece aos que por lá passam, pois saem com uma revolta ainda maior de vingança, prometendo fazer mais do que fazem, pois julgam terem sido injustiçados. Esses pensam que todos estão corrompidos. Doegue chegou à presença do rei, inflamado pelo diabo, e a sua língua começa a trabalhar para fazer média com o rei. Ao ouvir, sabe-se lá o que, o rei, que já estava mal, ordenou a Doegue:
“Vira-te, e arremete contra os sacerdotes. Então se virou Doegue, o edomeu, e arremeteu contra os sacerdotes, e matou naquele dia oitenta e cinco homens que vestiam estola sacerdotal de linho. Também a Nobe, cidade desses sacerdotes, passou ao fio da espada, homens e mulheres, meninos e criancinhas de peito, e bois, jumentos e ovelhas” (I Sm 22.18,19).
A língua gerou a morte de inocentes, como você leu agora. Sem dúvida nenhuma, Saul sabia da ordem do Senhor, que disse: “Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas”. Não ficarão impunes os que assim procedem. Tudo indica que a vida de Doegue já era bem famosa e conhecida pelos “leva-e-traz” entre o povo, pois Davi disse que Doegue não deixaria de fofocar ao rei Saul.
“Então Davi disse a Abiatar: Bem sabia eu naquele dia que, estado ali Doegue, o edomeu, não deixaria de anunciar a Saul. E acrescentou: Eu sou o responsável pela morte de todas as pessoas da casa de teu pai” (I Sm 22.22).
A inveja é maligna e mata. A seguir analisaremos um caso de inveja e cobiça. E ambas trabalham juntas. É assustador um assunto como este. Leia com atenção sobre este caso, em que Acabe cobiçou a vinha de Nabote. Nabote recusou-se a vendê-la, por ser seu o direito de preservar a herança que seu pai lhe havia deixado. Acabe, que era de espírito maligno ao lado da “famosa” Jezabel, voltou para casa e deitou na cama e não quis se alimentar. Existe esse tipo de inveja, que leva a um ódio mortal, que faz com a pessoa perca o apetite. Foi o que aconteceu a Acabe. A maligna Jezabel disse ao seu marido: “Pode deixar que a vinha será sua”. Esse tipo de pessoa não quer saber se outros vêm até mesmo a morrer, contanto que satisfaça seus interesses. Veja bem o que ela conseguiu fazer. Ela arrumou duas testemunhas falsas que, sem dúvida, foram subornadas. Esse tipo de pessoa consegue coisas inéditas. E disse:
“Ponde defronte dele (Nabote) dois homens, filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemou contra Deus e contra o rei. Então vieram dois homens, filhos de Belial, e sentaram-se defronte dele, e testemunharam contra Nabote, perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. Assim o levaram para fora da cidade e o apedrejaram, e morreu” (I Rs 21.10,13).
Existe um espírito maligno que se coloca ao lado de pessoas assim, que se tornam convincentes a ponto de fazer o que fizeram com Jesus. Assim, Acabe tomou posse da vinha que pertencia a Nabote.
“O Senhor cortará todos os lábios lisonjeiros, e a língua que fala soberbamente. Pois dizem: com a língua prevaleceremos, os lábios são nossos: quem é o Senhor sobre nós?” (Sl 12.3,4).

Enquanto Davi estava preocupado com a morte de homens, mulheres e crianças, Saul não queria saber de nada. Essa é uma forte evidência do quanto o rei Saul estava mal perante o Senhor. Se não fosse a língua maligna de Doegue, os sacerdotes do Senhor não teriam sido mortos.

Separa Os Melhores Amigos

“O homem vil trama o mal, e nos seus lábios se acha como que um fogo ardente. O homem (ou mulher) perverso suscita contendas, (trás à tona o passado), e o difamador separa os maiores amigos”. (Pv 16.27,28).

O registro bíblico que vem a seguir nos mostra a mesma realidade:
“O que encobre a transgressão promove o amor, mas o que renova a questão separa os maiores amigos” (Pv 17.9).

Normalmente, os inventores de mentira trabalham em conivência com o pai da mentira - Satanás. Ele sempre recebe algo do diabo em troca. O que certamente não é nada agradável. Mas para quem gosta, nada mal.
A mentira é um vício maligno, do qual o ser humano precisa se libertar, pois, para cobrir uma mentira, o indivíduo cria outra superior à primeira. Se você observar bem, verá que as pessoas que têm o vício da mentira são frustradas em suas vidas e, em sua infância, tiveram inúmeras dificuldades. Uma delas é que jamais aprenderam a perder e hoje, não sabendo como vencer ou ter sucesso e para ver se conseguem amigos, fazem qualquer coisa para livrar sua pele, mentindo e inventando coisas que nunca aconteceram!!

A fofoca pode até ganhar o nome inofensivo de “gossip”.Mas, como todo preconceito, maltrata e prejudica

Você sabia?... Aí vem chumbo, pode estar certo. Porque em 99% dos casos esta pergunta indica que uma história divertida ou escabrosa, envolvendo uma série de juízos sobre o que alguém fez ou deixou de fazer, está para ser contada. Aliás, contada ao gosto do autor da pergunta, naturalmente portador de uma licença que ninguém sabe quem deu para reproduzir detalhes, adivinhar pensamentos e intenções do protagonista da narrativa – a vítima, que ele expõe como um leitão assado, em público e lentamente, com o tempero da maldade e do ressentimento.
Interessar-se pela vida do próximo, manter-se informado sobre o que se passa à sua volta ou comentar os acontecimentos sociais com os amigos são coisas que poucas pessoas conseguem fazer sem ultrapassar a linha fina do respeito e da consideração com os alvos de suas observações. Não importa quem os crie -- da figura caricatural da “comadre” de cidadezinha do interior, que não perde um movimento do que se passa na casa da vizinha, aos colunistas de “gossips” e “paparazzis”, que fazem fortuna invadindo a vida das celebridades --, a fofoca e o boato se encontram enraizados no comportamento humano.
Para se ter uma idéia de quão antiga é a coisa, até nos muros de Pompéia -- cidade italiana soterrada pelo vulcão Vesúvio no ano de 79 d.C. -- os arqueólogos encontraram maliciosas inscrições “entregando” quem transava com quem e fazendo impiedosos comentários pondo em dúvida a paternidade de alguns dos seus cidadãos mais ilustres.
De lá para cá, pouca coisa mudou, a não ser pelo fato de a maledicência e os boatos passarem a atingir cada vez mais os negócios. Foi tomando como base os fuxicos das colunas sociais que, há alguns anos, a mulher do milionário americano Donald Trump arrancou dele, ao se divorciar, a nada desprezível soma de 50 milhões de dólares.
Mudando de hemisférios, sem, no entanto, deixar de caprichar na maldade, essas mesmas colunas publicaram, pouco depois, que o cantor goiano Leandro, da dupla com o irmão Leonardo, tinha morrido de Aids e que sua mulher, Andréia, também tinha a doença. Para converncer os fãs de que isto era mentira, o cantor teve de aparecer na TV, em horário nobre. Quanto a Andréia, foi preciso que ela fizesse o exame, publicado nos principais jornais do País. Mesmo assim, Leandro continuou sendo alvo dos fofoqueiros de plantão. Em sua luta contra um câncer no pulmão (que o vitimou poucos meses depois de descoberto), o cantor já havia perdido a voz e nunca mais voltaria a pisar num palco.
Mídia
Jean-Noel Kapferer, autor do livro “Boatos – O Mais Antigo Mídia do Mundo”, estudou com carinho acadêmico o nascimento e morte das notícias falsas, convencendo-se de que, apesar de incontrolável, “o boato” é uma produção social espontânea, sem definição nem estratégia”. E exemplifica, em seu livro, com um célebre boato dos anos 60 “sobre a morte de Paul MacCartney.”
Alguém, em 1969, ligou para uma rádio de Detroit, nos EUA, dizendo que ao fundo da faixa “Strawberry Fields”, do disco “Magical Mistery Tour”, dos Beatles, podia-se ouvir John Lennon murmurar: “I burried Paul” (“Eu enterrei Paul”). Poucos dias depois, a notícia da morte de Paul era publicada por um jornal de Michigan, ainda nos EUA, que dava como indício do ocorrido o fato de, na capa do LP “Abbey Road”, Lennon aparecer com roupas de padre, Ringo Star vestir-se de negro, como um papa-defunto, e Paul estar atravessando a rua descalço (os mortos aparecem assim nos rituais tibetanos, em moda na época). Além disso, na foto da capa do disco aparecia um Fusca com a placa 28 IF – a idade de Paul se (if) estivesse vivo. A história “pegou” de tal forma que nem aparecendo na capa da revista americana Time Paul conseguiu desmentir a notícia. Dizia-se que a foto era de um sósia do cantor.
No Brasil, alguns boatos de péssimo gosto também fizeram sucesso. Como quando se espalhou que as balas de determinadas marcas eram recheadas de cocaína, que em Belo Horizonte havia um bando de maníacos cortando os cabelos de garotas para fabricar perucas. Ou, pior, quando se disse que o boneco Fofão, criado por um ator do programa “Balão Mágico”, da TV Globo, era fruto de um pacto com o demônio, e milhares de bonecos foram queimados nas ruas por adultos e crianças.
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Sensação de poder
Se falar mal da vida alheia é algo que existe há tanto tempo, ocupa tanta gente e, inclusive, movimenta tanto dinheiro (ver jornais e revistas sensacionalistas, com tiragem de milhões de exemplares no mundo inteiro), também dá prazer e sensação de poder, garante a psicanalista junguiana Marisa Nogueira. Falar do outro é criar um fato diferente do que se viu, com o intuito de desqualificá-lo ou esconder uma verdade que ele quis divulgar”, explica.
Marisa, que tem formação em psicodrama e já realizou mais de 600 sessões sobre o assunto, pensa, também, que uma coisa é falar de alguém; outra, é contar um fato. Aquele que conta, segundo ela, cria cenas com conteúdos que só ele quer difundir, tornando-se, portanto, “autor” do acontecimento. “É o prazer de fazer história”, comenta.
Mas o falar mal, segundo a psicanalista, está carregado, na maioria das vezes, de sentimentos bem menos nobres do que o simples inventar. “Se presta a objetivos pouco elevados, como desqualificar, derrotar o oponente numa competição, exercer controle social ou, pior, exteriorizar o preconceito ou a pura maldade
”,
reforça Marisa.
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Mexericos da “Candinha”
O controle social é outra importante fonte produtora de fofocas e boatos, garantem os estudiosos do comportamento humano. Está personificado nas línguas das “tias”e “vizinhas”, principalmente nas comunidades menores, onde todos sabem da vida de todos. Mas, por que alguns sentem a necessidade de reprimir o comportamento alheio? “Porque quando os costumes mudam, eles exigem uma nova atitude tambén de quem impõem as regras, e isto pode levá-los a perder o controle da situação. É muito perigoso do seu ponto de vista”, explica Marisa Nogueira.
E quem são essas pessoas? “São geralmente aquelas de mais idade e, por isso, menos flexíveis e adaptáveis aos feitos novos”, responde a psicanalista. Então os mais jovens não fazem fofoca? “Fazem, sim”, revela Marisa, “quando têm em mente, por exemplo, prejudicar um concorrente, usando o fuxico como arma numa competição”.
Tomando a questão sob outro prisma, a psicóloga Hebe Nicolau vê na fofoca uma vivência da sexualidade. Em sua opinião, fofocar é um prazer com traços de sadismo, deslocado para a vida social e com graus variados de insanidade.Até certo ponto, a fofoca é um impulso normal da vida cotidiana marcado pela quebra de uma regra ética ao trazer, para o espaço público, o que é para ser deixado no âmbito privado”, afirma.
Hebe considera que a fofoca, embora universal, seja uma expressão característica da cultura brasileira da impunidade, da superficialidade das investigações sobre crimes políticos e sociais, que não conseguem se aprofundar, chegar aos tribunais, punir os culpados. Em vez disso, se contentam com o diz-que-me-diz. “Preenchem os espaços da mídia e distraem o povo, ocupando o lugar dos fatos importantes”, analisa. Outro objetivo do fofoqueiro, lembrado por Marisa, é exercer domínio sobre os demais como compensação por suas frustrações e ressentimentos. “Ele sempre se faz de vítima e acha que os outros devem pagar pela sua falta de poder.”
Hebe e Marisa podem ter opiniões divergentes sobre o que leva uma pessoa a fofocar, mas, em um ponto, as duas concordam: contra a fofoca não há defesa, pelo menos no âmbito privado. Elas afirmam que quanto mais alguém procura rebater o que é apregoado por seu detrator mais autoridade lhe confere, mais reconhece sua legitimidade. “Uma alternativa boa é a vítima destruir toda a autoridade do seu ego – a parte do ser preocupada com que os outros vão dizer e que quer satisfazer as expetativas sociais – e, em seu lugar, fortalecer o eu”, sugere Marisa.
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Ação por danos morais
Objetivo e alheio às profundezas dos conceitos psicológicos, como convém a um advogado, o criminalista Alberto Toron vê, naturalmente, a questão sob outro ângulo. Ele recomenda, a quem for vítima da falta do cuidado alheio com as palavras, que primeiro mova contra seu agressor uma ação por danos morais, visando reparação econômica pela ofensa sofrida. E, além disso, que ingresse também em juízo com a ação penal correspondente. “No Brasil, esses crimes não dão cadeia, mas fazem o réu perder a primariedade. Assim, se for condenado em outro processo criminal, perde o direito ao sursis, a suspenção condicional da pena, e aí, então, sofre a reclusão.”
Os processos podem não levar o culpado para a cadeia, mas servem, primeiro, para provar que quem ofende pode ficar desmoralizado e, além disso, ser punido de forma pecuniária. Segundo Alberto Toron, os processos com condenação de reparação econômica por ofensas estão ficando cada vez mais freqüentes e envolvem somas elevadas. Porém, mesmo criminalizada, a fofoca ainda corre solta, reconhece o advogado. Nunca vi alguém deixar de ofender outra pessoa porque a lei o proíbe disso. É falsa a idéia de que a norma jurídica intimida. Ela, no máximo, funciona como um reforço aos princípios morais que alguém recebe ao ser educado”, argumenta.
Assim, pelo que tudo indica, a melhor resposta que se pode dar a alguém de língua afiada demais é desmoralizá-la publicamente com uma condenação judicial. De quebra, nocauteando-a com um golpe certeiro em seu órgão mais sensível: o bolso.



* Matéria publicada na editoria Local do jornal goiano Diário da Manhã, em 21 de abril de 1998.