quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Brincar de futuro

Pode ser que você mude de idéia amanhã. Ou talvez eu mude. De repente vamos acordar e ver que não existe mais motivos pra tanta coisa. Mas por enquanto, posso fazer planos com você? Mesmo que você vá embora pra sempre no mês que vem, me troque por alguma cafoninha, posso falar de futuro? Você não precisa pagar minhas contas, lavar minhas roupas ou emprestar seu cartão de crédito. Muito menos, ao fim de cada frase relacionada ao futuro, dizer que era tudo brincadeira. Isso não é um contrato pra assinar embaixo. “Atesto aqui que todas minhas promessas podem ser quebradas num futuro indeterminado, caso mude de idéia. Atesto também que algumas frases melosas podem ser mero exagero, ditas apenas para fomentar o romance”. Eu sei que funciona assim e aceito as condições. Pode parecer sem sentido falar onde jantaremos quando completarmos cinco anos juntos. Não tem problema. Quero que seja só isso. Uma conversa de beira de ouvido, despretensiosa. Coisas ditas num domingo frio e cinza, com televisão ligada em qualquer lixo, porque simplesmente temos preguiça de mudar de canal. Segredos ditos entre uma soneca e outra, no meio do café ou durante um abraço embolado no lençol. Verdades que podem durar um segundo ou um minuto, mas ainda que temporárias, verdades. Mas é tão gostoso planejar tudo com você, saber tudo que você pensa sobre as maiores inutilidades do mundo. Quando eu perguntar se vamos acompanhar as Olimpíadas de 2012, diga que sim, sem nem perguntar onde vai ser. Nem eu sei onde vai ser. E tudo bem se até lá mudarmos de idéia. O importante é que agora você queira estar lá comigo em cinco anos. Ainda que em cinco anos desista. Decidir que flor plantaremos no jardim ou se o quarto deve ter uma televisão. Eu voto em não. E você? Pode falar, fala sim. Sem medo de nada disso acontecer e nos sentirmos dois idiotas. Sentir saudade dos planos que nunca se realizaram é uma das coisas que mais doem quando tudo acaba. Mas prefiro isso a não poder brincar de futuro com você.

Um comentário:

Josi Puchalski disse...

adoreiiiii!!!